Ministério de pregação
05/11/2012 18:01
Num dia desses recebi pela Internet a seguinte história:
“Um dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
– Sr Bilac, estou precisando vender meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Poderia redigir um anúncio para o jornal? Olavo Bilac apanhou um papel e escreveu: ‘Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranqüila das tardes na varanda’. Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio”.
– Nem pense mais nisso! – disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que eu tinha.”
Essa história me fez lembrar que além de ter uma boa inspiração, para pregar precisamos saber nos comunicar; falamos de comunicar com unção. A forma de falar, a postura do pregador, seu timbre de voz, seus gestos, enfim, tudo que compõe a imagem do pregador influencia no ânimo dos ouvintes. E essa influência vai predispô-los a aceitarem ou a rejeitarem a mensagem transmitida na pregação. É por isso que os pregadores devem ser incansáveis quando se trata de formação; devem ser santamente insaciáveis na busca de novos métodos para pregar. É neste contexto que entra a formação, para colaborar.
Na Bíblia encontramos exemplos de como a forma de se expressar influencia os ouvintes. Certa vez, após Jesus terminar uma pregação “a multidão ficou impressionada com a sua doutrina” (Mt 7,28) e o evangelista segue explicando que “ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas” (v. 29).
Vejam que exemplo interessante encontramos em Atos dos Apóstolos, quando no dia de Pentecostes, o Espírito Santo fez os discípulos começarem as pregações em línguas. Observem no texto abaixo o efeito inicial no ânimo de muitos ouvintes:
“Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas?” (At 2,4-12).
Ora, como havia milhares de pessoas naquele lugar – era Festa de Pentecostes – se os pregadores não tivessem, impulsionados pelo Espírito Santo, começado a pregar (publicar as maravilhas de Deus) por meio do dom da xenoglassia, certamente poucas pessoas, ou quase ninguém, os teria ouvido. Note bem os questionamentos do povo que o evangelista teve o cuidado de narrar: “todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros: Que significam estas coisas?” Todo professor sabe que o questionamento marca o início da boa aprendizagem. Aqui a forma de pregação foi decisiva para atrair os ouvintes e para ganhar a atenção deles.
Outro exemplo, para citar somente mais um. Trata-se de Apolo. Ele é citado no capítulo dezoito do Livro dos Atos dos Apóstolos. Ele era judeu, profundo conhecedor das escrituras. Era também eloqüente e pregava com veemência suficiente para calar os que tentavam contradizer o Evangelho. Pelo testemunho de Lucas sabemos que sua presença em Corinto foi de muito proveito para os cristãos.
É por perceber a necessidade de apresentar o Evangelho da forma mais adequada possível que o Ministério de Pregação não se dá por vencido ante os embaraços que encontramos para ministrar uma boa formação. É por acreditar que podemos formar novos pregadores e aperfeiçoar os veteranos que temos um projeto de formação (Projeto Pedagógico). É também por compreender que trabalhando com afinco conseguiremos dar um passo a mais na caminhada da formação de pregadores, isto é, conseguiremos ir “além dos limites dos nossos desertos de pregadores”, saindo, portanto, do “lugar comum” em se tratando de formação, que implantaremos a partir de 2004 as oficinas de pregação.
Nos encontros de formação temos apresentado aos pregadores uma metodologia que nos ajuda a pregar com unção e com docilidade ao Espírito Santo. Temos também exortado a que todos os pregadores busquem o conhecimento necessário para pregar, participando de todos os encontros ministrados pelos outros ministérios. É que o pregador não necessita somente de pregar com unção e com metodologia correta, ele necessita também de conhecer o assunto que vai expor. Assim ele deve participar de todos os encontros que conseguir, além de complementar sua formação com outras fontes de conhecimento, tais como: livros, fitas de áudio e de vídeo, entre outros recursos.
Mas, sem dúvida, é nas oficinas que deverá ocorrer a formação mais profunda. Elas são compostas por dinâmicas simples e criativas que ajudam o pregador a se treinar nas melhores técnicas de pregação. Elas são mais que necessárias, pois a pregação é uma daquelas atividades humanas que poucos de nós conseguimos realizar com perfeição sem um bom treinamento, contudo é muito fácil de ser feita “mais ou menos”. E esta facilidade de se pregar “meia pedra meio tijolo” tem se tornado um dos maiores obstáculos que impedem a realização de uma formação integral, de uma formação que contempla o maior número de itens da oratória sacra. Voltando às oficinas, quem nelas não for treinado o será durante as pregações que certamente fará nos grupos de oração. Todavia o treinamento que se consegue durante as pregações nos grupos e em outros lugares é lento, bastante lento. É por este motivo que os melhores pregadores do Brasil, com pouquíssimas exceções, demoraram de cinco a dez anos para conseguirem uma boa técnica de pregação. Com certeza as oficinas poderão – e deverão – abreviar este tempo, além de possibilitar outros ganhos. Estamos oferecendo encontros de formação que devem ser aprofundados em oficinas. A partir disso a formação dependerá do esforço, do trabalho, do estudo, do treinamento e das orações de cada pregador do Brasil.
Talvez você esteja curioso para entender o que vem a ser oficina. Elas serão bem entendidas na prática, mas aqui vai uma palavrinha sobre elas.
Hoje as oficinas incorporaram de vez os mais representativos campos de formação profissional. Em alguns deles elas já eram tradicionais, porém conhecidas com outros nomes, como laboratório, no teatro; treinamento, nos esportes e estágio nas formações acadêmicas. Por falar em formação acadêmica e oficinas, elas têm sido inseridas em projetos pedagógicos de universidades, como é exemplo um projeto pedagógico da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, elaborado no ano 2000, que traz as oficinas como sendo uma das formas usadas para capacitar seu corpo docente.
Como disse acima, as oficinas serão bem compreendidas na prática, mas o melhor delas é que poderão ser feitas com pequenos grupos de pregadores que certamente se reunirão nas dioceses, nas cidades ou nos grupos de oração.
Pretendemos em breve disponibilizar um material para preparar roteiros de pregação passo a passo, para ser usado nas oficinas. Oremos para mais esta etapa na caminhada da formação, dentro do Projeto Reavivando a Chama.
Muito obrigado a você que se dedica a formar pregadores e a você que busca a formação. Deus os abençoe. E permanecemos unidos no Cristo, pelo Espírito.
Dercides Pires da Silva
———
Voltar